#3 Três Anos &
no VELEIRO
Depois de tantas experiências vividas na América do Sul, decidi tirar um tempo para apenas viajar e conhecer ao máximo novas culturas. Passado um ano sabático visitando 27 países pelo mundo, senti um forte desejo de desbravar e ir rumo ao desconhecido.
Nessa altura do campeonato eu já havia conhecido aproximadamente 50 países. Mas por se tratarem de países ocidentais onde a cultura era muito parecida com a nossa, sentia falta de conhecer algo novo. Senti uma necessidade de vivenciar culturas que fossem completamente opostas do que eu já conhecia até o momento.
Há anos eu tinha o desejo de morar em um veleiro e poder levar minha casa pelos sete mares. Não precisei pensar muito para chegar na conclusão de que a Ásia seria o melhor destino para realizar esse sonho. Então no dia 31 de dezembro de 2012 eu desembarquei em Bangkok completamente sozinho, sem nunca antes ter estado na Ásia e determinado a realizar esse sonho.
Passei três longos meses de intensa pesquisa, conversando com vários velejadores em busca do local ideal para comprar o meu barco. Coincidentemente acabei encontrando um na Malásia, bem próximo de onde eu estava. Fui visitá-lo durante um fim de semana e assim que meus olhos o avistaram tive certeza de aquele era o que eu sempre havia sonhado. Nunca havia dormido uma noite sequer em um barco. Às 16H30 da tarde estava efetuando a compra. Às 17H30 já estava dentro dele e não sai de lá pelos próximos 3 anos, morando em tempo integral.
Passado o êxtase da compra e realização do meu sonho, lá estava eu sem nenhuma cama, banheiro, cozinha, armário e nada mais dentro dele. Tive que aprender sobre marcenaria, elétrica, hidráulica, pintura, fibra de vidro, mecânica e construção em geral.
Hoje eu sou muito orgulhoso em dizer que 90% da construção do meu barco foi toda feita com as minhas próprias mãos.
O maior aprendizado que tirei de tudo isso foi um empoderamento total.
Hoje me sinto capaz de realizar qualquer coisa. O barco te dá uma expertise: você tem que resolver as coisas no momento em que elas acontecem, não dá para procrastinar senão você afunda. No mar não tem segundas chances.
Para mim a vida é uma questão de dinâmica, de estar sempre apto a mover e fazer as coisas acontecerem. E por isso eu sou muito grato ao barco, e a experiência de ficar três anos morando dentro dele. Uma vez que se prova o verdadeiro gosto da liberdade, é impossível voltar atrás.